A Noite de Cristal


Na noite de 9 de novembro de 1938 teve início uma onda de violência contra os judeus em toda a Alemanha. Embora os ataques parecessem espontâneos, como se fossem uma revolta natural da população alemã contra o assassinato de um oficial por um adolescente judeu em Paris, na verdade, o ministro alemão da propaganda, Joseph Goebbels, e outros líderes nazis haviam organizado os pogroms (chacina de judeus) cuidadosamente, muito antes deles acontecerem. As condições de atuação, incluindo o dever de inação das autoridades, foram transmitidas a todas as esquadras num telegrama assinado por Reinhard Heydrich, o chefe dos serviços de segurança do Reich.
Mais de 1400 sinagogas foram queimadas ou destruídas, pelo menos 1500 pessoas morreram logo nesses dias e 26 mil homens foram levados para os campos de concentração de Buchenwald, Dachau e Sachsenhausen. Nos campos terão morrido cerca de 2000, de violência e maus tratos, e os restantes foram libertados três meses depois, sob a promessa de que sairiam da Alemanha. 
Mas fugir da Alemanha era tudo menos fácil, pois as portas do mundo estavam fechadas para estes refugiados.
O pretexto para a violência foi o assassínio de um diplomata alemão de segunda linha em Paris, Ernst vom Rath, por um jovem judeu alemão de 17 anos refugiado, sem documentos, Herschel Grynszpan, a 7 de Novembro. Grynszpan disparou sobre Vom Rath na embaixada, foi preso imediatamente e disse que se queria vingar do que se estava a passar com a sua família, a irmã e os pais faziam parte dos 12 mil judeus alemães de origem polaca levados até à fronteira com a Polónia a 28 de Outubro, para serem expulsos do país. Mas a Polónia não os aceitou, e vaguearam durante dias, sem alimentos nem abrigo.
Os historiadores interpretam a ordem de Goebbels de 9 de Novembro como o agarrar de uma oportunidade para desencadear uma ação violenta contra a comunidade judaica que estava a ser desejada pelos nazis, depois de já terem começado a destituí-los dos seus direitos cívicos e a "arianizar" a economia, forçando os judeus a vender por tuta e meia as suas empresas. A seguir à Noite de Cristal, foi publicada uma série de leis para obrigar os judeus a sair da vida pública, incluindo a proibição de as crianças judias irem à escola e de os jovens entrarem na universidade.